terça-feira, maio 10, 2016

Giro Brasil: Senado cassa mandato de Delcídio / Teori será relator da ação do governo contra impeachment / Maranhão pede desculpas e diz que não renuncia

Senado cassa mandato de Delcídio do Amaral

Delcídio do Amaral teve seu mandato de senador cassado na noite de terça-feira 10 pelo plenário do Senado. O ex-líder do governo optou por não comparecer na sessão que selou seu destino e nem mesmo mandou um advogado para defendê-lo.


Delcídio teve o pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar aprovado no colegiado após um longo processo iniciado logo depois de o senador ter sido preso, em novembro do ano passado por obstrução da Justiça. O senador foi flagrado em conversa com o filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, oferecendo propina e um plano de fuga para que Cerveró não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público no âmbito da Operação Lava Jato.

O próprio Delcídio, posteriormente, firmou esse tipo de acordo, no qual disse que a tentativa de atrapalhar as investigações foi feita a pedido do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff. Lula e Dilma deram declarações negando as acusações e afirmando que o senador agiu por vingança.

A representação contra o senador Delcídio do Amaral foi apresentada em dezembro do ano passado pela Rede e pelo PPS. Durante a análise do processo do Conselho de Ética, Delcídio faltou quatro sessões do colegiado em que foi convocado para ouvir seus esclarecimentos a respeito das denúncias. Os advogados de defesa chegaram a pedir que a cassação de mandato fosse substituída por outras penas alternativas, como advertência ou afastamento temporário do Senado, mas os pedidos não foram acatados pelo relator.

Na tarde dessa segunda-feira (9), o senador apareceu na CCJ para fazer a sua defesa. Na comissão, o senador pediu desculpas aos seus pares pelo constrangimento causado. Delcídio disse ainda que a acusação de obstrução à Justiça não é motivo suficiente para a perda do mandato, por não ser um crime grave. “Eu não roubei, não desviei dinheiro, não tenho conta no exterior. Estou sendo acusado de quê? De obstrução da Justiça”, disse.

Mais uma vez o senador disse ter agido sob orientação do governo. Na época, ele atuava como líder do governo no Senado. “E obstrução da Justiça quando eu, como líder do governo, inadvertidamente, volto a repetir, peço desculpas, errei, mas agi a mando”, disse.

Teori Zavascki será relator da ação do governo contra impeachment

Distribuição do processo foi feita por sorteio, três horas depois de a ação chegar ao STF


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki foi designado relator da ação do governo que pede a anulação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A votação no Senado, que pode afastá-la do cargo por até 180 dias, está marcada para esta quarta-feira, 11.

A distribuição do processo no Supremo, feita por sorteio, ocorreu três horas depois de a ação chegar à Corte, o que é considerado incomum. A demora, segundo a assessoria de imprensa, é que havia dúvida se o ministro Gilmar Mendes deveria ser o relator por prevenção.

Em dezembro, Gilmar foi designado para relatar uma ação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP) de tema similar à da ação proposta nesta terça pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Como Teixeira desistiu do caso e Gilmar autorizou a extinção do processo, ele perdeu a prevenção. Não há prazo para Teori proferir sua decisão.

No mandado de segurança, Cardozo acusou o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de agir por vingança contra Dilma ao dar andamento ao pedido de afastamento contra ela. “(Cunha) procedeu a uma clara vingança, antecedida de ameaça publicamente revelada, por terem estes se negado a garantir os votos dos parlamentares de que ele necessitava para poder se livrar do seu processo de cassação na Câmara dos Deputados”, escreveu o ministro.

De acordo com Cardozo, a atuação de Cunha no caso corrompeu o processo com “nulidades insanáveis”. Ele listou episódios desde a eleição de Cunha como presidente da Casa, em fevereiro de 2015 até seu afastamento, na semana passada, para acusar o parlamentar de desvio de finalidade ao aceitar a denúncia contra Dilma.

O ministro citou, por exemplo, a realização de uma espécie de “leilão do impeachment”, em que o peemedebista teria chantageado a base do governo para evitar a abertura de seu processo de cassação no Conselho de Ética usando como “moeda de troca” a denúncia contra a presidente.

Ao determinar o afastamento de Cunha da presidência da Câmara e do mandato como deputado, o STF reconheceu que o parlamentar vinha usando posição na Casa para influenciar os procedimentos conforme seus próprios interesses. Segundo Cardozo, a tramitação do impeachment na Casa foi um desses casos. “Caso tais atos não sejam prontamente anulados como é devido, poderão acarretar consequências seríssimas que conduzirão ao impeachment de uma Presidenta da República democraticamente eleita.”

Manobras. O advogado-geral da União relatou que, em 2 de dezembro do ano passado, representantes do PT no Conselho de Ética declararam que votariam pelo seguimento da representação contra Cunha. Minutos depois, o então presidente da Câmara recebeu, segundo Cardozo como forma de retaliação, a denúncia por crime de responsabilidade contra Dilma, apresentada por Janaína Paschoal, Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.

“A condução, por Eduardo Cunha, do procedimento na Câmara dos Deputados destinado ao exame da admissibilidade da denúncia em desfavor da senhora Presidenta da República, restou eivado de vícios decorrentes de desvio de finalidade, refletindo na nulidade absoluta do vergastado processo”, afirmou Cardozo no documento.

A peça também apontou que Cunha manobrou para escolher o deputado Jovair Arantes como relator da comissão especial de impeachment e indeferiu pedidos de reabertura do prazo para defesa. Cardozo mencionou também a tentativa do peemedebista de adotar uma ordem de votação em plenário “avaliando a melhor forma de proceder a uma pública pressão e a um constrangimento dos deputados que iriam votar”.

Lula. Para Cardozo, a decisão que o Supremo deverá tomar sobre Cunha é semelhante à de Gilmar Mendes, que impediu Lula de assumir a Casa Civil. Na ocasião, Gilmar justificou que o desvio se configura quando, “a despeito de estarem, à primeira vista, em conformidade com uma regra, (as ações) destoam da razão que a justifica, escapam ao princípio e ao interesse que lhe é subjacente”.

“Diante da iminência da votação, pelo plenário do Senado Federal, da admissibilidade da denúncia por crime de responsabilidade oferecida em desfavor da senhora Presidenta da República, é que se recorre a esse Supremo Tribunal Federal para que firme posicionamento quanto à nulidade absoluta, não passível de convalidação, do procedimento ocorrido no âmbito da Câmara dos Deputados”, argumentou o advogado-geral da União.


Maranhão pede desculpas em abertura de reunião da Mesa Diretora da Câmara e diz que não renuncia

Presidente interino da Câmara fez mea-culpa pela anulação (e posterior reversão) do processo de impeachment da presidente Dilma



O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), começou a reunião da Mesa Diretora da Casa, que ocorre semanalmente às terças-feiras, de uma maneira inusitada. Maranhão chegou ao gabinete da presidência com uma carta e um pedido de desculpas aos parlamentares, fazendo um mea-culpa pela anulação (e posterior reversão) do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os membros da Mesa já estavam preparados para pressionar o deputado a renunciar ao cargo. Alguns deputados que participaram do encontro afirmaram que ele foi “bombardeado” durante a conversa.

Após a investida, Maranhão se comprometeu a dar uma resposta sobre a sua permanência ou não na presidência até esta quarta-feira. No mesmo dia, inclusive, ele anunciará a sua posição ao seu partido, o PP, até as 10 horas. Enquanto isso, o segundo vice-líder da Câmara, Fernando Giacobo (PR-PR), já se coloca como novo presidente interino, no lugar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está suspenso.

Giacobo declarou, após o encontro, que tem o apoio de todos os membros titulares da Mesa, já que a “sugestão” pela renúncia ou o afastamento de Maranhão foi unânime, com a consciência de que ele seria o próximo na linha sucessória.

Caso Maranhão não queira renunciar, os deputados da Mesa sugeriram que ele peça o seu afastamento do mandato de deputado federal por 120 dias, prazo máximo estabelecido pelo regimento para um parlamentar se ausentar da Câmara. Enquanto isso, acreditam, a situação de Cunha já teria sido resolvida e um novo presidente seria designado pela Casa. “Em 120 dias muitas coisas vão acontecer”, afirmou Giacobo.

Questionado pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), que é suplente da Mesa, sobre a razão de o colegiado não ter agido da mesma forma contra atos irregulares de Cunha, Giacobo afirmou que “não se deve cometer um erro duas vezes” e que é preciso “aprender com o passado”.

O líder do PSOL na Casa, Ivan Valente (SP), disse que o partido não irá apoiar o afastamento de Maranhão, pois, antes de convocar novas eleições para a vice-presidência da Câmara, é preciso resolver a situação da presidência e dar sequência ao processo de Cunha no Conselho de Ética. “Agora vai entrar um segundo vice? Aonde vamos parar”, questionou.

Valente acusou os parlamentares de não terem pedido o afastamento de Cunha antes por ele representar uma ameaça a diversos políticos, entre eles o vice-presidente da República Michel Temer.

Mais cedo, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), afirmou que, caso a oposição não consiga convencer Maranhão a abdicar do cargo, eles devem recorrer ao plenário da Câmara, em ato inédito. As siglas que apoiam o impeachment da presidente Dilma Rousseff pretendem sinalizar a Maranhão que “ninguém mais vai trabalhar com ele na Casa”.

“O momento pede cautela e precisamos ter um presidente à altura. Ninguém aguenta mais e não vamos tocar a Casa com um presidente pirado”, disse Paulinho. O presidente do Solidariedade afirmou ainda que Maranhão demonstrou ser “bipolar” ao mudar de ideia sobre a anulação do processo de impeachment.

Fonte: Isto É

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